segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Há uma certa altura na nossa vida em que somos confrontados com a fé. Acredito que por mais que tentemos fugir dela, um dia a fé acaba por enfrentar-nos. Existem certas situações na nossa vida que, devido à sua complexidade, somos como que obrigados a acreditar em algo transcendente. É assim nos piores momentos. E é assim porque não conseguimos vislumbrar uma resolução para o nosso problema. E nesta parte da acção, cabe-nos a nós acreditar ou então virar as costas à fé.
Muito pessoalmente, encontro-me numa fase bastante espiritual. De renovação, diria até. Já passei por coisas deveras complicadas e não é meu objectivo relembrá-las aqui. Contudo, nestes tempos difíceis, tenho de confessar que sinto fé. Acredito em algo que está para além de mim. E a cada dia que passa tenho a certeza dessa presença na minha vida. Essa presença que me tem dado vida todos os dias ao acordar. As escolhas e os caminhos que tomamos são sempre nossos - pelo menos deveriam ser - mas, apesar dos conflitos na minha vida, sinto-me em paz. Gozo de uma paz especial, observando o desenrolar dos acontecimentos com um pequeno sorriso nos lábios. Como dizia o outro, o que tiver que ser, será. Não confudo este estado de espírito com conformismo. Pelo contrário! Uma pessoa que amo muito disse-me uma vez que eu sozinha não podia mudar o mundo! E eu aceitei essa afirmação, mas mesmo assim não desisto e continuo a ter fé. Peço então a quem esteja a ler esta simples reflexão que também tenha fé. Temos dentro de nós uma vela pronta a ser acesa, uma lamparina prestes a brilhar. E somos nós que temos de a acender! E imaginem se todos nós acendecemos a nossa centelha...
Somos capazes de ir à lua, somos capazes de construir máquinas maravilhosas e tenebrosas, somos capazes de mobilizar todo um mundo por uma causa mas, infelizmente, ainda não somos capazes de nos reconhecermos como seres humanos dignos de todo o respeito e dignidade. Porque é isso, e apenas isso, que devemos uns aos outros. E há que ter fé que esse dia vai chegar. Não demonstrar fé no castigo, mas sim na bênção. Às vezes pergunto-me por onde tem andado Deus deixando a sua criação à mercê de tantos desgostos. E cada vez mais, aumentando a minha fé, entendo que todos os nossos sofrimentos não são causados por Deus ou por outra qualquer entidade acima de nós. São sim causados pelos nossos irmãos de sangue, seres humanos como nós cujos valores essenciais perderam-se nos deslumbramentos negativos da vida. Não pode ser Deus a intervir e a curar as nossas feridas. Ele guia-nos e ensina-nos. O trabalho tem de ser feito por nós, ou seja, só nós podemos modificar as nossas atitudes e amarmos de verdade as pessoas que temos ao nosso lado.
Enquanto isso não acontece, permaneço na minha fé de que, um dia, surgirão tempos melhores. Apesar de tudo indicar o contrário, eu acredito!

3 comentários:

Anónimo disse...

a fé!!
estado de espírito em que nos meros humanos nos habituamos a passar a acreditar, a acreditar em meras historias, em algo inexistente, algo que ninhem tem provas da suas existência.
fomos enganados!! desde de a muitos anos que somos controlados pela tal fé!! pela tal ser inexistente...
fomos manipulados, fomos roubados..
esta na hora de acordar pa vida e construir os nossos caminhos aprendermos por nós mesmo.. porque ai é que esta a verdade na vida.. viver.la e não ter medo.
não ter medo de que por alguma acção menos apreciada por quem nos engana por quem nos rouba..
mas no fundo sempre existe alguma verdade, verdade em que nós!! meros humanos sermos incompreensíveis por gestos e acções, por vezes para chamar a atenção ou por outras alguma maneira de dizer ao mundo eu existo!!

ps: gostei do teu texto!! jokas***

Filipe Ribeiro disse...

A fé... guia-nos nos maus momentos... Muitos orgulham-se em afirmar não ter fé, mas o que é facto é que nos momentos de aflição ela está lá sempre. É como se fosse o nosso suporte mental para superar as demais situações. Intrinsecamente todos temos fé, independentemente dos seus contornos. A fé é algo profundo... mas poderoso. Quem tem fé consegue atingir o equilíbrio espiritual e, certamente viver melhor. Trata-se disso, a fé move montanhas, é o que o povo diz e que toda a razão tem. Mesmo que nada exista, mesmo que esta vida seja a única realidade, quem tem fé consegue ultrapassar doenças sem cura, consegue ultrapassar obstáculos impensáveis. Quem tem fé acredita, e acreditando consegue-se muita coisa.

Anónimo disse...

"Diz-me algo que eu não saiba..."

Não digo! Não digo, até porque não sei dizer!

Não sei se és tu que "já" sabes demais ou se sou eu que "ainda" sei de menos (e porque raio de razão "de menos" não se escreve "demenos" assim como "demais"?! Reparei agora!).

Não sei dizer nada que todo e alguém já não saiba, simplesmente me lembro de dizer de outra qualquer maneira, essa sim que, provavelmente, nem todo nem ninguém se lembra de ter ouvido. Mas já ouviu, já viu, já cheirou, já sentiu, já tudo e mais alguma coisa e mais merda que não se lembrem!

Acontece agora (e interrompo-me para te dizer que o texto está de uma deslumbrância, seja isso o que for, passa a ser a tua marca) que antes da fé, qual fé, sim que acredito em fé, mas prefiro acreditar em esperança!

E esperança porquê? Para ser sincero, e que também sinceridade é aquilo que tenho de mais, ou não, porque, pura e simplesmente, dizendo-te algo que continuas a saber: a fé é constantemente associada a religião.

E sobre isso: minha amiga! Me caiam os cornos ao chão que eu prefiro escapar como se tivesse medo. Medo que não tenho, não que alguma vez me tenham assustado com uma cruz e eu tivesse dito: não me metes medo!, se calhar aquilo até dá umas bordoadas valentes.

Mas e o que me irrita quando me metem papéis nas mãos: velhas malditas que não tem a ponta dum chavelho para fazer em casa; reformam-se, coçam no cú e a seguir andam a distribuir aqueles pindéricos papéis sobre o "ji-ou-vá"! Se soubessem limpar o cú! Agora panfletos do "ji-ou-vá"! Devem ser muito rijos!

Continuando: eu tenho esperança em que tudo aconteça, tudo aquilo "que tu já sabes"! De facto, estarmos com os bugangos sentados num cepo de madeira à espera que o vento faça rodar os moinhos... que nos valham os ricos!

Fé, para mim, ou esperança, seja: não é acreditar na força macabra de algo que não existe, sabêmo-lo, e agarrar nos miolos com muita força e pôr lá para dentro: existe, sim senhor(a). Fé (realmente custa menos a escrever que esperança), é sonhar, é esperar que algo aconteça, algo que obrigamos a acontecer, algo que alguém obriga a acontecer. Alguém de carne! Não um Deus, ou um macaco com asas, uma santa, quissá, que se torna aparecida... e depois dá mel!

E desde pequeninos que queremos ter aquele brinquedo fantástico, que por alguma razão toda a gente tem... menos nós, coitados, nunca temos nada. E por alguma outra razão julgamos que estamos na pior altura das nossas vidas só porque algum sacana nos diz: Não compro! De facto, se não ouvesse esperança, se não acreditássemos na pequenina hipótese de termos aquilo que queremos, se não tivéssemos fé: não nos punhamos a berrar nos cafés, restaurantes, em casa, na feira (os balões eram "de-mais", e toda a gente tinha... menos nós). A esperança manifestava-se, a fé e não havia cá Deus em que acreditar, mas se ouvesse... certamente teríamos tido, no mínimo 56,78% de mais probabilidade de ter todos os balões! Enxerguem-se!

"Acredito em algo que está para além de mim."

Agora, que de facto, nem tudo está à nossa altura, é muita verdade... mas pudemos sempre dar uns pulinhos para chegar lá "acima". E a bênção! Esteve sempre nas mão de alguém, nas mãos de alguém diferente de situação para situação. Mas sim, nem sempre esteve nas nossas mãos. Nas mãos de um amigo, de um familiar, quem sabe, nas nossas próprias mãos, mas quando estamos noutra onda.

Valha-me Deus!